domingo, 30 de novembro de 2008

O silêncio dos bons.




"O que mais preocupa não é nem o grito dos violentos, dos corruptos, dos desonestos, dos sem-caráter, dos sem-ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons."Luther King


Vejo com freqüência as pessoas reclamando de como o mundo está piorando a cada dia, mas, lamentavelmente não encontro em quase nenhuma delas disposição para atuar numa mudança. Em recente pesquisa de opinião pública brasileira, encomendada pela Confederação Nacional das Indústrias, 55% dos interrogados afirmaram que o Brasil precisava de uma revolução socialista. Ao serem perguntados o que entendiam por socialismo, responderam citando alguns valores: “amizade”, “comunhão”, “partilha”, ”respeito”, “justiça” e “solidariedade”. Então quero desde já esclarecer que é pensando nestes valores que escrevo. Ainda há muita gente que pensa que fé não convive bem com política. Tive um encontro pessoal com Jesus Cristo e isso aconteceu ainda na minha infância. Tive uma doutrina que considero saudável o que me levou a cada ano de minha vida a não mudar de rumo, ir amadurecendo a cada oportunidade de Deus falar comigo. O Cristo que conheci sofreu um processo político movido pelas autoridades judaicas e, outro, movido pelas autoridades romanas. Morreu, nos substituindo e por causa de nossos pecados, mas houve uma dimensão humana também política no fato. Ao ser transformado pelo Evangelho de Jesus deveríamos servi-lo, enquanto no mundo, em ações práticas de transformações no mundo, pensando em resgatar o projeto original de Deus. Enquanto cristãos e militante em movimentos sociais, é isso que tenho aprendido e vivenciado. Há quem me pergunte se eu não temo, por causa do ambiente que vivo, "possíveis problemas" com minha pessoa. Primeiro, quem entra na militância, tem que entrar com o coração; não basta entrar com a cabeça. Quem entra com a cabeça tem medo. Quem entra com o coração, ama tanto a causa que defende, que enfrenta situações de risco sem medo. E a segunda coisa: o contrário do medo não é a coragem, é a fé. Quanto mais a gente tem fé, quanto mais confia naquele caminho que a gente está levando, certo de que a luta que Deus quer para a gente; quanto mais se sente irmão do companheiro Jesus, que deu a vida por essa causa de esperança e de libertação, menos medo a gente sente. Já vi alguém comentar isso: "Medo nos sentimos quando pensamos primeiro em nós. Quando pensamos na causa, no movimento, no Brasil sem miséria, sem mortalidade infantil, vale a pena correr riscos." Então a "metanóia" não é nascer de novo? Não é "mudança de rumo"? O velho Che Guevara ja falava sobre o "novo homem" e a "nova mulher". A Palavra de Deus, há mais tempo ainda também.
Como superar os vícios egocêntricos que moldam em nós o homem e a mulher velhos? Só Cristo! Como criar relações sociais e estruturas sociais solidárias e cuja emulação tenha a sua fonte em nossa própria subjetividade, lá onde habita Aquele que é mais íntimo a nós do que nós a nós mesmos? Só transformando pelo anúncio do Evangelho.
Você já parou para pensar e analisar a sociedade em que Jesus viveu? O contexto sócio-político, as estruturas vividas por ele. O Brasil é um dos últimos países do mundo onde ainda não aconteceu a Reforma Agrária. Se fosse no tempo de Cristo? É difícil ser rico, latifundiário, no tempo de Jesus e ao mesmo tempo ser discípulo ser Cristão. A riqueza recebe uma das considerações mais fortes da sua boca, quando diz: ”É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus”. Mesmo diante do espanto dos apóstolos Jesus a repetiu sem pestanejar. E qual é a sua proposta positiva? A proposta positiva do Cristo é a partilha. Cristo não é contra a como tal. Também não é contra a terra. É contra a concentração da terra nas mãos de poucos. Então sua proposta é a partilha. Todos os discípulos de Jesus têm de partilhar os bens, têm de entrar numa economia de partilha, de socialização, para poder seguir Cristo. Ou seja, é impossível ser rico e ser seguidos de Cristo. Na perspectiva de Jesus isto aparece muito claro. Nós é que, muitas vezes, obscurecemos o fato por causa da ideologia do dinheiro que esta em nossas cabeças.
Vejam só! Talvez um de nossos maiores conflitos seja "como articular a minha fé com a militância política?"isso é papo para outro dia... E já foi fruto de outro encontro.

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