quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
PROFETAS NUM MUNDO A BEIRA DO FIM
Ainda nos anos 80 surgia a Banda Catedral. Não faltavam motivos para as críticas: cover do Legião Urbana, roqueiros de diabo, etc. Sempre mostrando muito mais ousadia em suas letras, demonstrando seu descontentamento com as injustiças do país e do mundo e relacionando tudo com o Criador. Me cativaram logo. Sempre que estiveram em Caruaru tive oportunidade de estar junto e conhecê-los, pelo menos uma dessas vezes foi através de um convite nosso, o show na época foi no Salão de Eventos do Comércio Futebol Clube. Polêmicos? Pois é, mas...
Se não são remidos desconheço quem mais seja. E olha que os observei atentamente em bons e maus momentos que passaram por aqui. Lições? Persistência, Convicção de chamado, Filosofia de Vida, Seriedade profissional, etc...
Numa dessas vezes, conversei com Kim (músico, compositor, líder da banda e psicólogo).
- Pra você, qual é o grande mal da atualidade?- O grande mal hoje em dia é a desigualdade social. Principalmente no nível econômico. A concentração de renda nas mãos de um número muito pequeno de pessoas traz um desequilibro social muito grande. Isso gera muitas coisas inclusive violência, desemprego e outras coisas que são mazelas em qualquer sociedade.
- Nossos jovens são bem comportados assim? E porque vemos tanta violência? Não é um paradoxo?-A generalização que a mídia faz é que é perigosa, por isso eu afirmo que a mídia é que é paradoxal. Tudo que você faz de bom não é propagado. A mídia enfoca sempre o lado ruim da questão. A pesquisa atestou que 90% da juventude não fuma maconha e a mídia prefere enfocar os 10%, apenas estes 10% estão fazendo algo que não é legal.
-Você está em todo o Brasil levantando a bandeira contra a legalização da maconha?-Sim. Eu sou contra porque o nosso país não tem educação. Há uma série de outras questões que precisam ser discutidas antes. O povo não tem informação, não sabe o mal que ela faz. É como uma bomba relógio. Legalizar a maconha hoje seria uma catástrofe geral. É preciso dar condições à população para que a discussão seja mais séria senão não adianta discutir.
Nossa geração lutou tanto por mudanças...
Antigamente eu falava muito sobre esses pontos, hoje em dia eu sou um cara muito cético. O Brasil entrou num circulo vicioso muito grande, tão difícil que a desesperança é total para a maioria das pessoas e até para a classe pensante que antes acreditava que pudesse existir uma mudança com a esquerda no poder.
Eu acho que a podridão no Brasil é muito profunda e é muito difícil de se chegar lá. É como uma cebola que você descasca e é interminável, você não chega no núcleo da questão.
- Politicamente a solução seria qual?- Teria que haver uma reformulação geral. Primeiro através de uma educação mais igualitária para as pessoas. Distribuição de renda, saúde, reforma agrária coerente com este país imenso de tantas terras que existem aí sem uso e com tanta gente morrendo de fome. Você começa a acabar com estes problemas de violência e de tantas mazelas sociais. Mais isto é muito complicado. Acho que o PT e o Lula estão vendo o quanto é fácil ser oposição num país tão louco como o Brasil.
- E o Bush?- Eu já tenho uma posição contrária a começar pelo país. Eu acho um país autoritário, prepotente, que quer dominar o mundo. O povo americano se acha superior a qualquer povo. Isso eu não curto. E, é lamentável ver o Bush fazendo uma guerra imperialista. Nós sabemos os motivos pelos quais ele atacou o Iraque. O Bush possue várias refinarias de petróleo no Texas, toda família dele lida com petróleo. Ele queria explorar o país porque sabe que o Iraque é um dos maiores produtores de petróleo do mundo. Isso é uma coisa antiga planejada desde o pai Bush e agora ele faz. Isso é lamentável e vira uma coisa religiosa muito grande.
É uma versão de Hitler do século XXI, eu não acredito em supremacia de raça, ideológica ou política de ninguém. Na minha opinião os EUA saíram derrotados.
- Que mensagem você deixa para o público que acompanha a banda?- Eu fico muito feliz de está aqui novamente, quero deixar um abraço muito grande para toda galera que curte o nosso som. Estamos vivendo uma nova fase, já estamos a quatro anos no mercado popular, mas sempre muito coerente com nossa proposta de trabalho. Muita paz para todos e longe das drogas sempre!
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