sábado, 3 de outubro de 2009

Servir a Deus às vezes é rebelar-se!


Sempre ouvi a história que devemos obediência a Deus e a Sua Palavra. É o tal “lance” de que “devemos obedecer às autoridades por que elas foram constituídas por Deus...”, daí acaba ajudando a construir uma mentalidade que não questiona, que não se opõe, não avalia criticamente o que recebe, etc...
No passado havia uma linha da igreja Católica que se opunha aos desmandos da direita conservadora que impôs o regime militar no país, e tem sido assim com diversos irmãos que, sendo protestantes, compõem o chamado grupo de esquerda progressista, que não se alia aos benefícios do poder para não se calar diante do que prejudica o povo.
Mas ser herói ou mártir numa sociedade egoísta, consumista, exclusivista... é quase que impossível.
Digo quase porque a história sempre nos causa boas surpresas, como o movimento norte-americano denominado “Poder Negro”, por volta da década de sessenta. Organizados e promovendo conferências e debates, redigindo documentos, estabelecendo metas e estratégias. Um dos mais notáveis lutadores desta causa, que enfrentou a polícia em passeatas e as vezes na própria igreja foi o renomado Rev. Batista Martin Luther King Jr.
Outro servo marcante na história é Dietrich Bonhoeffer, com sua teologia secular de uma igreja voltada para o mundo. onde a salvação tem que assumir formas significativas na vida presente. O termo salvação, inclusive, é substituído pelo termo libertação. Foi para isso que Jesus Cristo veio e para isso que lutou: para proclamar libertação aos cativos e pôr em liberdade os oprimidos, numa citação de Isaías 61. Por que não pensar em dimensões econômicas, políticas e sociais também são inerentes ao conceito?
Por que não acreditar que após a conversão, enquanto o Senhor não nos arrebata, ficamos aqui para algo mais do que cuidar de nossa própria vida, tipo Casa x Trabalho x Escola...?
Acredito que é necessário que eu empenhe toda a minha vida na luta do povo contra a opressão de uma situação estabelecida pelo inimigo aos que estão no poder (pecado social que trás desajustes como fome, miséria, desigualdade, injustiças, etc...).
Assim a maioria reage passivamente e sem participar da história, e o pior, supostamente com a “bênção” Divina.
Mas onde andarão os “heróis” de Deus brasileiros? Há espaço para isso? Onde estão pastores lutadores da causa do povo hoje? Quem de nós está desejoso de anunciar o Evangelho entre os excluídos? Quem é capaz de pregar sermões que denunciem, contestem e desafiem os poderosos que enriquecem as custas do sofrimento do trabalhador?

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